Prólogo

Niska acordou com um susto, quando a janela de seu quarto se abriu violentamente em uma rajada de vento revelando a lua cheia. Levantou-se e parou para observar o vilarejo de Sandpoint sob a luz prateada. 

"Preciso me lembrar de trancar essa janela. Acho que a caduquice chega com mais facilidade do que se espera até mesmo para druidas anciãs” ela pensou. Fechou a janela com delicadeza e surpreendeu-se ao virar para a sua cama e encontrar um pequeno homem em pé entre as cobertas. Não devia ter mais do que trinta centímetros, a pele verde-amarelada se confundia com as suas vestimentas feitas de folhas de carvalho. Suas orelhas pontudas e o nariz protuberante davam-lhe um aspecto quase cômico.

– Boa noite minha bela senhora! Há anos que não a vejo, como tem passado?

– Prietor! Ora, estou muito bem! Ficar o dia todo entre cobertas e bajulações faz maravilhas ao nosso ego e ao humor. Receio em dizer, mas se está aqui não acredito que seja só para me visitar, estou certa? O povo das fadas é tão temeroso com os humanos do vilarejo quanto o contrário. Em que posso ajudá-lo?

– Eu sempre quis visitá-la minha senhora! Nunca que eu viria até aqui somente por interesse. Assim que a rainha precisou nomear alguém para vir até aqui trazendo uma missão eu logo me voluntariei!

– E o fato de você ser o mensageiro oficial da rainha não teve nada a ver com isso certo?

– Bem, em certa medida isso facilitou as coisas, mas eu viria de qualquer forma!

– Claro que sim, eu tenho certeza disso. Mas o que aconteceu? Que missão é essa?

Prietor baixou o olhar para os pés e assumiu um tom triste quando começou a falar

– O nosso rei foi sequestrado minha senhora. Ninguém sabe onde ele está. Orcs se acumulam nas bordas da floresta e Lobisomens correm livres dentro dela. Fadas estão desaparecendo. Algo está terrivelmente errado.

“Orcs sequestrando o rei das fadas. Isso não me parece possível, nunca conheci nenhuma entidade com poder ou sabedoria próximos à dele.” 

 – Orcs na borda floresta você diz. Os Elfos de Laurelindannan não fizeram nada a respeito?

– Eles os combatem na medida do possível, mas seu vilarejo está tão ameaçado quando o resto das matas. A rainha disse que você poderia nos ajudar

– Eu posso ajuda-los Prietor. Volte para a rainha, diga a ela que vou enviar pessoas capazes para lidar com a tarefa.

O pequeno duende assentiu então com a cabeça e estendeu as mãos para a velha senhora.

– Passei por tantos perigos para chegar até aqui minha velha amiga. Você não me deixaria voltar tudo isso sem um presente não é?

Niska suspirou e olhou no fundo dos olhos de Prietor – Como se você não tivesse vindo atrás disso desde o começo não é seu pequeno traiçoeiro? – Pegou duas moedas de ouro em uma gaveta e deslizou para as mãos dele.

– Muito obrigado senhora! A sua generosidade é lendária entre o povo das matas! – com um aceno então ele desapareceu no ar.  

“Pessoas capazes. Vamos ver. Como era mesmo o nome daquela moça simpática? Ah sim! Trish, ela disse que havia uma gnoma na região que estava começando a aflorar os seus poderes de feitiçaria. Já é mais do que hora de se desenvolver” Niska pegou uma tigela de prata em seu armário e a pousou no chão. Voltou-se para o armário “Vamos ver. Uma pitada de poeira estelar deve ser o suficiente.”.

Pegou uma pequena bolsa de uma das prateleiras e ajoelhou-se ao lado da tigela. Com uma das mãos deu toque na borda e a tigela se encheu de agua. Com a outra, a velha mulher pegou um fino pó brilhante dentro da bolsa feita de cânhamo e o derrubou sobre o líquido. 

– Espíritos do ar, da terra e da agua ouçam meu chamado! – A agua se iluminou de uma cor esverdeada. Sombras dançavam no quarto enquanto a mulher fazia o seu ritual de conjuração – Preciso de vocês! Tragam para mim os filhos das fadas. Quero vão até a vila de Laurelindannan, digam à rainha Daria que é chegada a hora de Falin seguir para o próximo estágio de seu treino! Digam a ela que preciso dele aqui até o festival de Desna!

As luzes brilharam mais fortes e mudaram de cor para laranja.

– Uma caravana do norte se aproxima. Eu vi em minhas previsões que o destino de um anão dessa caravana será selado no encontro com Orcs das sombras. Vão até o Anão Aesrick Battlehorn aqui em Sandpoint! Digam-no para que receba esse anão e traga-o a mim. Baruk será uma mão necessária na busca pelo rei das fadas. Da mesma forma que ele nos ajudará a encontra-lo. Nós o ajudaremos a encontrar o seu destino. 

Mais uma vez o brilho da tigela se intensificou em um estalo de luz e dessa vez a agua ficou de cor azul. 

– Espíritos da agua. A vocês será dada a missão de trazer aquela que irá manter o grupo unido até que seus laços estejam atados pela força da amizade. Quero que se direcionem para a ilha SWYN e encontrem a casa de Astralyx. Mostrem-na os rostos de Falin, Baruk e do mercenário que trarei aqui pela força do dinheiro, o afamado Deadrink. Espíritos tragam-nos a Sandpoint e façam com que venham até mim. Temos que cumprir essa missão com urgência.