Olá meus caros amigos! Já faz algum tempo que eu não escrevo para o nosso seleto grupo de bardos errantes, mas peço perdão. Afinal o bando de aventureiros ao qual eu faço parte tem andado bastante ocupado ultimamente. Nesse exato momento eu estou em um quarto de uma espelunca enfadonha em uma cidade conhecida como Magnimar. Os habitantes desse lugar dizem que é uma cidade de esplendores. A única coisa que eu reconheço que é verdadeiramente esplendorosa por aqui é a quantidade de gente burra! Por Oberon, juro que não exagero ao dizer que são só um monte de humanos andando em ruas de pedra com mármore e prata pra tudo que é lugar. Não vejo uma floresta ou um bosque decente há dias!
Mas chega das minhas lamentações. A minha contribuição para
o nosso conclave é com histórias e se bem me lembro, tínhamos parado nas
escadas da catedral de Sandpoint com
o povo do vilarejo aclamando Falin, Baruk, Lyx e Deadrink como
heróis. Sim, eles conquistaram uma vitória importante naquele dia, mas essa
vitória não veio sem preço. Os aventureiros saíram bastante cansados e cobertos
de ferimentos. Era impossível distinguir se o sangue espesso e negro que cobria
os seus corpos era deles próprios ou dos Orcs que eles enfrentaram (menos a Lyx, ela sempre fica a distancia no
combate, ela sempre diz que é superpoderosa, mas tem medo de chegar perto
quando o bicho começa a pegar!).
Em agradecimento pelo serviço
prestado, o sacerdote Abstalar Zantus
os convidou a se instalarem nos quartos do templo para cuidar de seus
ferimentos. Os novos heróis de Sandpoint
foram dormir com a sensação de dever cumprido e estavam satisfeitos por saberem
que a paz que a agora parecia envolver aquela comunidade como um cobertor
felpudo em uma noite de inverno era em grande parte responsabilidade de seus feitos.
Até a manhã do outro dia.
Ao amanhecer do outro dia, o grupo ficou bem importante
recebendo uma visita da própria prefeita da cidade Kendra Deverin para agradecê-los. Porém, enquanto conversavam um
noviço do templo entrou arfando no quarto com a notícia de que o túmulo do
antigo sacerdote da cidade, Ezakien
Tobyn fora violado. Exasperados, os heróis foram até o local do crime e
encontraram a cripta violada e revirada, o trabalho parecia ter sido feito com
pressa durante a invasão dos Orcs à cidade, era possível notar que o ladrão não
tinha muita experiência no que estava fazendo. O ladrão deixara cair algo de
seu bolso, uma carta que revelava uma conexão da invasão Orc com uma importante
família de Sandpoint:
Cara irmãzinha,
Espero que esteja bem quando receber essa carta. Temos um problema em nossas mãos para lidar. É sobre o nosso pai.
Aparentemente ele teve algo a ver com a invasão de Orcs a Sandpoint. Eu preferi não levar o assunto às autoridades, você sabe como é o povo da cidade, poderíamos ficar mal falados e isso prejudicaria muito os negócios da família.
Encontre-me na vidraria no final da tarde, poderemos discutir então a punição que ele merece. Bata duas vezes e mais três para que eu saiba que é você pela porta dos fundos e a deixe entrar.
Ambos sabemos a natureza delicada deste tipo de situação, então venha sozinha e não comente nada com ninguém. A honra da família está em jogo.
Não se atrase
- Tsuto -
Como não eram dali, aquela carta pouco significava para
Falin, Baruk, Astrialyx e Deadrink, foi a conexão dos Orcs com o roubo dos
ossos do sacerdote que os levou a investigar o que estava acontecendo (A bruxa
velha Niska, tinha falado pra eles que os Orcs estavam levando as fadas da
floresta). Andaram pela cidade, foram reconhecidos pelas pessoas, conheceram
novas pessoas (Até um garoto meio maluco metido a sacerdote que fazia magia só
pra assustar o povo da cidade e começou a seguir eles), fizeram trocas de
moedinhas brilhantes por coisas que não precisavam. E por fim, no horário que
constava na carta eles foram fazer uma visita à vidraria local.
Com o sol se pondo no horizonte e a cidade tomada de um
espectro avermelhado do crepúsculo, os heróis viram que a vidraria estava fechada e
completamente selada. Não havia janela ou porta aberta, mas do telhado uma
fumaça escura saía exalando um forte cheiro de carne queimada. Falin, usando
sua habilidade felina esgueirou-se em uma das quinas da grande estrutura e
tomado apoio entre os tijolos conseguiu subir até lá, onde viu uma claraboia.
Lá em cima, o cheiro de carne era ainda mais pungente, e olhando através do
vidro da claraboia o Elfo viu uma cena hedionda. Um homem de meia idade fora
preso amarrado sobre em uma mesa de metal. Uma de suas pernas fora arrancada e
sangue jorrava às bicas do coto fibroso aberto. Pedaços de vidro derretido
estavam entranhados na carne, ferindo e chamuscando enquanto o homem contorcia
o corpo e sua expressão facial. Orcs estavam à volta do homem rindo e o
torturando ainda mais com tenazes de ferro incandescente. Horrorizado, Falin
voltou às pressas para o grupo de aventureiros e relatou o que viu.
Imediatamente Baruk, Lyx, Deadrink e o garoto estranho metido a clérigo já se
puseram a postos para adentrar o local e Falin foi avisar à guarda local.
Forçaram a entrada pelos caminhos da vidraria e com um
estrondo retumbante o grupo de aventureiros entrou na câmara em que o homem
estava sendo torturado. Impiedosos, Baruk e Deadrink se lançaram aos Orcs como
se não tivessem nada a perder. Os monstros verdes deram um chute em uma das
mesas de metal que com o barulho de um estalo de ferro caiu no chão
conferindo-os alguma proteção contra a fúria viva que corria em sua direção.
Baruk, sem se interromper deu um salto magnífico por cima da mesa deitada e se
assemelhando a um cata-vento mortal fez uma pirueta com o martelo na mão,
finalizando a sua acrobacia com o malho de ferro explodindo a cabeça de um dos
Orcs contra o outro lado da mesa.
Estupefatos com o feito do Anão, os outros Orcs não
conseguiram notar a dança letal das duas espadas de Deadrink girando em sua
direção e antes que se dessem conta, as vísceras de outro Orc agora caíam como
uma cascata sobre o braço de Deadrink enfiado no abdômen de uma das criaturas.
Os outros aventureiros, Lyx, Falin e o garoto metido a clérigo estavam da porta
atirando a distancia, Falin com um arco, o garoto com uma besta e Lyx envolta
em uma forte luz de energia azul lançava setas que estalavam em gelo no peito
dos brutos musculosos.
Então tudo aconteceu rápido demais. Uma tênue distorção de
ar pôde ser vista pouco antes de um humano trajado em couro negro como uma
sobra aparecer nas costas de Baruk e o atravessar com sua espada da parte
direita das costas do anão até sair no ombro. O grito gutural do guerreiro
ecoou pela sala, mas logo na sequencia dois Orcs apareceram, um enfiando sua
lâmina larga e enferrujada pelo abdômen e outro descendo outra espada pelo
outro ombro esquerdo do bravo aventureiro.
As coisas também não iam bem para Deadrink. Enquanto ainda
sentia o sangue quente e viscoso do Orc no cabo de sua espada, a ardência
agonizante de metal do homem de capuz negro, cortando a sua carne foi sentida pelas costas. Baruk e
Deadrink, os poderosos guerreiros que serviam como uma muralha para a agilidade
do Elfo, a proeza mágica de Astrialyx e a falta de sentido na presença do
menino metido a clérigo, caíram.
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